domingo, 29 de maio de 2011

Bullying



O bullying atualmente tem sido um assunto discutido quase de forma maçante após a tragédia em uma escola municipal na região de Realengo, na cidade do Rio de Janeiro, onde doze crianças foram assassinadas friamente por um ex-aluno. Antes se debatia de vez em quando sobre o bullying, mas não da maneira que vem sendo debatida agora, tanto nas escolas quanto na mídia, o assunto era comentado de um jeito muito vago.
E a tragédia em nosso país trouxe a tona um assunto antigamente considerado apenas problema de países do exterior, embora não tenha sido comprovado que o motivo que levou o homicida Wellington Menezes de Oliveira a matar várias crianças tenha sido o bullying, visto que em sua carta suicida demonstrava mais um lunático dotado de um doentio fanatismo religioso.
De qualquer forma, tudo isso despertou um interesse pelo bullying que já deveria ter sido demonstrado há muito tempo, porque se analisarmos, o bullying existe desde sempre.
Quem nunca assistiu a uma cena de ridicularização na sala de aula ou no pátio da escola? Mesmo os que já não estudam mais, acredito que ao menos uma vez na vida tenham presenciado ou sofrido algum episódio, ameno ou forte, de bullying. Alunos considerados “diferentes” do padrão determinado de certos grupos que costumam ser maioria, com freqüência já foram ou são agredidos seja física, ou verbalmente com apelidos cruéis.
Alguns conseguiram ser fortes aparentemente e de algum jeito lidar com a situação. Outros não foram tão felizes, sofreram calados por anos a fio episódios consecutivos de bullying, por não compreenderem ou não terem tido compreensão dos responsáveis por eles do que lhes acontecia. Hoje, adultos, carregam traumas e diversos distúrbios psicológicos que afetam suas vidas devido à auto-estima afetada.
Não podemos colocar toda a culpa nas costas dos pais e educadores da época, porque no passado essas agressões eram consideradas normais. Alguns pais e até mesmo educadores acreditavam que tais “brincadeiras” contribuíam para o desenvolvimento do aluno, deduzindo que isso os prepararia para enfrentar o mundo, a aprender a lutar contra as adversidades do cotidiano, enquanto o véu da ignorância lhes tapava os olhos de situações gravíssimas de abuso.
Essa ignorância caiu por terra mundialmente falando quando ocorreu o massacre em Columbine, uma das escolas mais conceituadas dos Estados Unidos, quando quase no final do ano letivo, dois adolescentes de classe média alta, um de dezoito e outro de dezessete anos, manifestaram sua fúria assassinando alunos e professores a sangue frio.
Houve rumores em que nesta escola, assim como em muitas do país, os atletas eram considerados os mais poderosos e privilegiados e se achavam no direito de agredir os que não ocupavam a mesma posição. Os rumores ainda afirmam que os adolescentes que cometeram este ato trágico eram mais focados em computadores, considerados como a classe dos “nerds” e sofriam represália direto pelos membros do outro grupo.valorizado. Eram ridicularizados publicamente e sofriam outros tipos de agressão.
Após o massacre em Columbine, inúmeros episódios dessa espécie foram repetidos. Esta é a grande problemática dessas tragédias. A mídia, os psiquiatras e psicólogos tendem a justificar estes atos e o foco da atenção sobrepõe-se apenas aos agressores, enquanto as vítimas são comentadas apenas de início e logo esquecidas. O homicida acaba sendo “endeusado” por tornar-se uma vítima, um “herói” contraditório. Mesmo repudiado pela sociedade, ele é o destaque e isso motiva mentes já não sadias a querer fazer o mesmo, causar e obter a mesma popularidade, mesmo de forma trágica para eles mesmos.
Bullying. Palavra que ainda nem foi traduzida para o português embora seja tão presente em nosso meio e já se alastrou pela internet, conhecida como cyberbullying, ou crime cibernético.
Em alguns casos o cyberbullying pode ser mais devastador do que o bullying em si. Mesmo não havendo a agressão física, é a classe de bullying mais covarde, cruel e que geralmente acaba impune, porque atravessa os portões do pátio da escola, onde pais e educadores, por mais que queiram, não conseguem manter o controle. Como manter o controle de perfis falsos que atormentam as vítimas sejam por msn, redes sociais ou celulares? A tortura que antes se limitava ao horário escolar, se estende por 24 horas, sem contar que a exposição se alastra em uma enorme proporção e sem volta, pois a internet não perdoa. Tudo fica registrado e é raramente esquecido, a humilhação se alastra por computadores e celulares de forma massiva, e as autoridades, assim como as redes sociais, que deveriam ser as principais responsáveis para dar um freio neste tipo de atitude, pouca importância dão para o assunto e, no anonimato, os que provocam o bullying se sentem seguros para fazer o que bem entenderem.
Mesmo havendo casos registrados de traumas gravíssimos que afetam a vida social do adolescente, muitos culminando em suicídio, pouca atenção se dá ao tema, muito se fala e pouco se faz.
Em algumas cidades existem distritos dedicados exclusivamente ao crime cibernético, mas estas se focam nos casos mais explícitos como a pedofilia. As redes sociais também não colaboram quase em nada para deter os agressores, uma delas é necessário que haja no mínimo 100 denúncias de ips diferentes para que medidas sejam tomadas como excluir um perfil ou uma comunidade ofensiva que agrida a moral de alguém. Em alguns casos, nem mesmo tais denúncias resolvem e, quando resolvidas, nada impedirá que estes perfis e comunidades se multipliquem no dia seguinte. E a culpa é a falta de controle.
Parece difícil, mas não seria muito controlar os atos destes malfeitores se ao cadastrar um perfil em uma rede social fosse, como em lojas virtuais, exigidos documentos como rg ou cpf. Isso também controlaria o acesso de menores na rede. Por mais que se comentem em fórums e reportagens diversas que não existe anonimato na internet, todos sabemos, inclusive os praticantes do ato, que há e como é duro combate-lo. Uma enorme burocracia, processos e punições não divulgadas, certamente não concluídas.
Todos precisamos estar conscientes que o bullying não é somente uma sucessão de “brincadeirinhas” de mau gosto entre crianças e adolescentes em fase de desenvolvimento, muito pelo contrário, é uma sucessão de abusos que trazem como conseqüência a destruição da auto-estima do agredido, adoecê-lo permanentemente e ceifar vidas, inclusive, em casos mais extremos, até mesmo dos educadores.

Escrito por: Lizzie Paige

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