quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Aos crentes que não gostam de hierarquia nas igrejas

Aumenta a cada dia o número de crentes que não se sujeitam aos líderes e pensam que estão certos. Não respeitam pastores, verberam contra a liderança e afirmam que só devem obediência a Deus. “Igreja não é quartel general”, argumentam. E, generalizando, chamam qualquer liderança firme, segura, de coronelista.

Entretanto, vemos na Bíblia que o próprio Deus prioriza e hierarquiza. Ele — que podia ter formado todas as coisas com uma única palavra — fez questão de formar tudo a seu tempo, dia a dia (Gn 1). O Senhor também pôs em ordem as tribos de Israel (Nm 2), pois o nosso Deus é um Deus de ordem (1 Co 14.40).

De acordo com 1 Coríntios 12.28, há uma hierarquização dos dons e ministérios — estabelecida por Deus, é evidente. Ela existe, não para que um portador de certo dom e ministério se considere superior aos outros, e sim para que haja ordem na casa do Senhor.

Deus pôs na igreja “primeiramente apóstolos” (1 Co 12.28; Ef 4.11). Existem apóstolos hoje? Sim! Mas é claro que há também pseudo-apóstolos, que propagam muitas “apostolices”. Quem são os apóstolos do Senhor, então? São homens de Deus, enviados por Ele, com grande autoridade, e não autoritarismo. Eles formam a liderança maior da igreja, independentemente dos títulos empregados pelas denominações (pastores-presidentes, bispos, reverendos, pastores, presbíteros, etc.).

É importante não confundir títulos com ministérios e dons. Estes vêm do Espírito Santo, enquanto os títulos são recebidos dos homens. Na Assembleia de Deus, por exemplo, não existe o título de apóstolo. Mas isso não significa que não exista o ministério apostólico. Este, segundo a Bíblia, perdurará “até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo” (Ef 4.13).

O texto de 1 Coríntios 12.28 afirma, ainda, que Deus pôs na igreja “em segundo lugar, profetas”, mencionados — na mesma posição, depois dos apóstolos — em Efésios 4.11. Não confunda esses profetas com os crentes que falam em profecia nos cultos, também chamados de profetas em 1 Coríntios 14.29. O ministério profético neotestamentário é formado por pregadores (pregadores, mesmo!) da Palavra de Deus, portadores de mensagens proféticas.

Em seguida, a Palavra do Senhor, em 1 Coríntios 12.28, assevera: “em terceiro, doutores”. Veja como essa hierarquização ocorria na igreja de Antioquia da Síria: “havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé, e Simeão, chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes, o tetrarca, e Saulo” (At 13.1). Nesse caso, os doutores, que atuam juntamente com os profetas, são ensinadores da Palavra de Deus.

Há casos, como o de Paulo, em que três ou dois dos ministérios mencionados (apóstolo, profeta e doutor) se intercambiam (1 Tm 2.7). Os ministérios de pastor e evangelista certamente fazem parte dos três escalões mencionados em 1 Coríntios 12.28, posto que são títulos relacionados com a liderança maior da igreja.

Finalmente, em 1 Coríntios 12.28, está escrito: “depois, milagres, depois, dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas”. Milagres só vêm depois de apóstolos, profetas e doutores? Isso mesmo. Na hierarquização feita por Deus, o ministério da Palavra é mais prioritário que os milagres, haja vista serem estes o efeito da pregação do Evangelho (Mc 16.17). Observe que João Batista foi considerado por Jesus o maior profeta dentre os nascidos de mulher, mesmo sem ter realizado sinal algum (Jo 10.41).

Se não houver hierarquia nas igrejas, para que servirão os cargos e funções? Qualquer pessoa, dizendo-se usada por Deus, poderá mandar no pastor. Aliás, isso estava acontecendo na igreja de Tiatira, e o próprio Senhor Jesus repreendeu o obreiro frouxo que não estava exercendo a liderança que recebera do Senhor (Ap 2.20).

Deus é Deus de ordem! O princípio divino da hierarquização aparece em várias outras passagens neotestamentárias. Em 1 Coríntios 14.26, vemos que, no culto coletivo a Deus, deve haver ordem. Quanto à ressurreição, está escrito: “Mas cada um por sua ordem: Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na sua vinda” (1 Co 15.23). E, no Arrebatamento, tal princípio também será aplicado: “os que morreram em Cristo ressuscitarãoprimeiro; depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens” (1 Ts 4.17).

Em 1 Tessalonicenses 5.23, vemos que Deus prioriza o espírito, na santificação. Muitos pregadores têm dito: “Deus nos quer por inteiro: corpo, alma e espírito”. Mas a Bíblia afirma: “e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”. Essa ordem mostra que a obra santificadora do Espírito Santo ocorre de dentro para fora, e não de fora para dentro.

O apóstolo Paulo também parabenizou os crentes da cidade de Colossos porque naquela igreja havia ordem (Cl 2.5). E ordem também significa respeitar a hierarquia! Afinal, os ministérios não são invenção humana. Eles foram dados por Deus para edificação do Corpo de Cristo (Ef 4.11-15).

Amém?

terça-feira, 2 de agosto de 2016

O Arrebatamento da Igreja será mesmo secreto?

A doutrina bíblica do Arrebatamento da Igreja tem sofrido muita oposição na atualidade. Dizem que o termo “arrebatamento” não está na Bíblia; que tudo acontecerá de uma só vez, “naquele dia”; e que não haverá nenhum rapto secreto. Neste artigo, procurarei responder de modo sucinto e objetivo a essas três objeções.

Dizem que o termo “arrebatamento” não está na Bíblia

O termo “arrebatamento”, de fato, não aparece nas Escrituras, mas a doutrina do Rapto da Igreja deriva delas, assim como a doutrina da Trindade, por exemplo. Embora a palavra que dá nome a essa doutrina — “trindade” (ou “triunidade”) — não seja mencionada nas páginas sagradas, a doutrina o é, em ambos os Testamentos. Outrossim, conquanto creiamos que Deus possui atributos incomunicáveis, como onipresença, onisciência etc., não encontramos na revelação escrita de Deus as palavras correspondendes a essas doutrinas: “onipresença” e “onisciência”.

Em português, o verbo que dá origem à doutrina do Arrebatamento é “arrebatar”, que aparece na frase: “seremos arrebatados” (1 Ts 4.17). Em espanhol, o verbo arrebatar também consta das versões Reina-Valera e NVI, por exemplo, mas os teólogos preferiram chamar a doutrina de “el Rapto de la Iglesia”. Em inglês, embora o verbo empregado na passagem em apreço seja catch up (“tomar”), os teólogos — preferindo usar o termo oriundo do latim: raptus — chamam a doutrina de “the Rapture of the Church”. Em francês, o verbo é enlever (“remover”): “nous serons enlevés”. Daí, “l'Enlèvement de l'Eglise”. Em grego, o verbo para “arrebatar” éharpazō, que significa “tomar com força”, “raptar” (cf. Mt 13.19; Jo 6.15; 10.12,28,29; At 8.39; 23.10; 2 Co 12.2,4; Jd v. 23; Ap 12.5).

Dizem que não haverá Arrebatamento; tudo acontecerá de uma vez só, “naquele Dia”

Comparemos 1 Tessalonicenses 4.16,17 com Apocalipse 19.1-10. Essas duas passagens bíblicas mostram claramente que a Igreja irá ao encontro do Senhor “nos ares” e entrará no Céu. À luz dessas duas verdades, examinemos a sequência cronológica de Apocalipse 19 a 22: a Igreja glorificada no Céu (19.1-10); a Manifestação de Cristo em poder e grande glória (19.11-16); o Armagedom (19.17-19); a vitória de Cristo sobre o Império Anticristão (19.20,21); a prisão de Satanás (20.1-3); a ressurreição dos mártires da Tribulação (20.4,5); o Milênio (20.4-6); a liberação de Satanás após o Milênio e sua condenação (20.7-10); o Juízo Final (20.11-15); Novo Céu e Nova Terra (21-22). Fica claro, nessa sequência, que a Igreja já estará no Céu por ocasião da Manifestação do Senhor em grande glória, o que descarta qualquer confusão entre esta e o glorioso evento escatológico em apreço: o Arrebatamento da Igreja.

Em Apocalipse 4 e 5, o Senhor revelou a João que a Igreja já estará no Céu antes que se iniciem os juízos da Grande Tribulação (Ap 6). Os vinte e quatro anciãos (gr. presbuteros), ali, representam a Igreja Universal, formada por todos os salvos, de todas as épocas. O número 24 alude aos doze apóstolos do Cordeiro e às doze tribos de Israel (cf. Ap 21). E as características desses anciãos (e não anjos, pois estes em nenhuma parte do Novo Testamento são chamados de presbuteros) deixam claro que eles representam a Igreja já galardoada: assentados em tronos, com vestes brancas e coroa na cabeça (cf. Ap 2.10; 3.4,5,11).

Dizem que não haverá um Arrebatamento secreto, exclusivo para a Igreja

A Bíblia é análoga: ou seja, a Bíblia explica a própria Bíblia. Em João 14.3, Jesus disse: “virei outra vez e vos levarei para mim mesmo”. O termo “levar” (gr. paralambanō), aqui, denota “tomar com força” ou “raptar” (cf. Mt 2.13,14; Mc 9.2; Mt 24.40,41). A quem o Senhor Jesus fez essa promessa? Ao mundo? Não! Mas a um grupo seleto, a sua Igreja, então representada pelos apóstolos. Considerando a analogia da Bíblia, não podemos ignorar o fato de que o Arrebatamento da Igreja é análogo à ressurreição da Igreja — “dentre [todos] os mortos” (Lc 20.35; Fp 3.11, gr. ek ton nekron). Comparemos 1 Tessalonicenses 4.17 com 1 Coríntios 15.50,51. Estas passagens mostram claramente que os salvos, dentre todos os vivos, irão ao encontro do Senhor, nas nuvens, em um abrir e fechar de olhos. Portanto, assim como os mortos em Cristo ressuscitarão dentre todos os mortos, os vivos salvos em Cristo serão arrebatados dentre todos os vivos.

Alguém poderá argumentar: “Eu creio no Arrebatamento, mas não creio no Arrebatamento secreto”. Ora, ou o Arrebatamento é secreto, ou ele não existe! Leiamos Hebreus 9.28. Nesta passagem está escrito que Cristo “aparecerá [gr. horaō, 'será visto'] segunda vez aos [pelos que] que o aguardam para a salvação”. A quem Ele aparecerá? A todos? Não! Ele será visto (cf. 1 Tm 3.16; 1 Co 15.5-8) pelos que o aguardam para a salvação — salvação em seu aspecto perfectivo —, isto é, a nossa glorificação (Rm 13.11; Fp 3.20,21).

Está clara, no Novo Testamento, a distinção entre o Arrebatamento, em que somente os que esperam o Senhor para a salvação o verão, e a sua Manifestação em glória, em que todo olho o verá (cf. Ap 1.7; Zc 14.1-4). E, à luz de 1 Coríntios 15.5-8, o aparecimento secreto de Jesus à sua Igreja não representa uma novidade teológica. Após a ressurreição do Senhor, Ele foi visto exclusivamente por seus discípulos (a Igreja nascente) por um espaço de quarenta dias, sem o mundo ter qualquer participação ou ingerência nisso (At 1.3; cf. Jo 12.28,29; At 22.9).

Finalmente, muitos teólogos usam o texto de Atos 1.9-11 para aludir à Manifestação do Senhor em glória, mas essa passagem também é uma clara defesa, por assim dizer, da doutrina do Arrebatamento, visto que Ele descerá do modo como subiu: “vendo-o eles, foi elevado às alturas, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos. E, estando com os olhos fitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles se puseram dois varões vestidos de branco, os quais lhes disseram: Varões galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir”. Em outras palavras, assim como, na sua ascensão, somente a Igreja o viu subindo até as nuvens, no Arrebatamento somente a Igreja o verá descendo até as nuvens (1 Ts 4.16,17).

“Ora, vem, Senhor Jesus” (Ap 22.20).

domingo, 31 de julho de 2016

O que é o Tribunal de Cristo?

Em Mateus 16.27 está escrito: “o Filho do Homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e, então, dará a cada um segundo as suas obras”. E, em Apocalipse 22.12, também lemos: “E eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo para dar a cada um segundo a sua obra”. Logo após o momento mais esperado pela Igreja de Cristo, o seu Arrebatamento, os salvos em Cristo serão julgados, ainda nos ares. A despeito de a Bíblia asseverar que nenhuma condenação há para quem está em Cristo Jesus (Rm 8.1), os salvos serão julgados, não para efeito de salvação ou condenação, mas para receber ou não a premiação pelo trabalho desempenhado para o Senhor. Neste artigo apresento sete pormenores desse importante evento escatológico.

1. O Tribunal de Cristo não é o Juízo Final. Como já vimos, neste blog, no artigo escatológico anterior a este, o Tribunal de Cristo não deve ser confundido com o julgamento dos ímpios, que também serão julgados segundo as suas obras, no Juízo Final — o do Trono Branco —, mas para efeito de condenação eterna (Ap 20.11-15). Todos os salvos arrebatados serão julgados pelas suas obras apenas para receber ou não galardão (2 Co 5.9,10; Rm 14:10-12). Embora tenhamos sido salvos exclusivamente pela graça de Deus, por meio da fé (Ef 2.8,9), também somos “feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (v. 10). Esse julgamento não se refere à posição que temos em Cristo, e sim à nossa condição como servos do Senhor.

2. O Tribunal de Cristo ocorrerá entre o Arrebatamento da Igreja e as Bodas do Cordeiro. Se o Senhor Jesus trará consigo o nosso galardão, em sua volta, podemos afirmar que o Tribunal de Cristo se dará logo após o Arrebatamento da Igreja, ainda nos ares, por ocasião da nossa reunião com Ele (1 Ts 4.16,17; 2 Ts 2.1). Cada salvo, de todas as épocas, participará dessa gloriosa reunião, pois Jesus afirmou que haverá recompensa na ressurreição dos justos (Lc 14.14). Os heróis do Antigo Testamento, que, tendo o testemunho pela fé, morreram sem alcançar a promessa (Hb 11.39), ressuscitarão incorruptíveis (1 Co 15.51,52) para receber do Sumo Pastor a coroa da justiça, “a incorruptível coroa de glória” (1 Pe 5.4). Assim como Paulo, eles combateram o bom combate, acabaram a carreira e guardaram a fé (2 Tm 4.7,8).

No Tribunal de Cristo já estaremos glorificados. No momento em que cremos em Jesus Cristo e o confessamos como Senhor, obtivemos a certeza da vida eterna (Jo 5.24; Rm 10.9,10). No entanto, a salvação — no sentido de glorificação — só ocorrerá no momento do Arrebatamento da Igreja. À luz da Bíblia, a nossa preciosa salvação possui três tempos e um tríplice aspecto. No passado, ela é posicional. Passamos a estar em Cristo! No presente, é progressiva. Estamos nos aperfeiçoando, a cada dia (Hb 6.9; Ef 4.11-15). No futuro, ela será perfectiva. É a nossa glorificação (Rm 13:11; Hb 9.28), que ocorrerá por ocasião do Rapto da Igreja (1 Co 15.50,51; Fp 3.20,21).

3. No Tribunal de Cristo receberemos a sentença em relação a tudo o que tivermos feito a partir da nossa conversão. A parábola das minas ou moedas de ouro revela que cada crente redimido tem a responsabilidade de empregar fielmente aquilo que de Deus recebeu: “Negociai até que eu venha” (Lc 19.13). Naquele grande Dia, o Justo Juiz pedirá o nosso “relatório” (Lc 16.2). Mas Ele não pedirá conta apenas da administração do nosso trabalho. Tudo o que nos foi outorgado será levado em consideração: a vida — espírito, alma e corpo (1 Ts 5.23) —, que é um dom de Deus (Ec 9.9); a maneira como nos conduzimos em relação à nossa gloriosa salvação (Fp 2.12); os talentos (1 Per 4.10); o livre-arbítrio (1 Co 6.12); o uso do tempo (Ef 5.16); os bens (Lc 12.16-20) etc.

4. Haverá surpresas no Tribunal de Cristo. Quando partirmos deste mundo, as nossas obras nos seguirão (Ap 14.13). Tudo o que temos feito está registrado. E, no Arrebatamento, Jesus — que conhece todas as nossas obras (Ap 2.2,9,13,19; 3.8,15) — trará consigo o resultado, a avaliação de nosso trabalho, a fim de nos galardoar. Coisas encobertas, positivas ou negativas, virão à tona. Em 1 Coríntios 4.5 está escrito: “nada julgueis antes do tempo, até que o Senhor venha, o qual também trará à luz as coisas ocultas das trevas e manifestará os desígnios dos corações; e, então, cada um receberá de Deus o louvor”. Daí ser prioritária a aprovação do Senhor (2 Co 10.17,18), e não a dos homens (Pv 25.27; 27.2).

5. Não há muitos detalhes na Bíblia sobre a natureza do galardão. As obras que ninguém vê na terra serão expostas pelo Senhor, naquele Dia, para que todos tomem conhecimento (Hb 4.13). Muitos pensam que os galardões serão, literalmente, coroas de ouro, com pedras preciosas. “Quanto maior a fidelidade, maior a coroa”, dizem. Alguns gostam até de mencionar os tipos de coroa que serão entregues aos servos do Senhor. Na verdade, há muitas coisas relacionadas com o futuro glorioso da Igreja que só serão revelados na glória (Rm 8.18; 1 Pe 5.1). Se os galardões são, literalmente, vários tipos de coroa, então elas serão postas uma sobre a outra? Qual seria posta primeiro, a da vida, a da justiça ou a de glória? E, no caso das coroas grandes ou pequenas, de acordo com o tamanho da fidelidade, não teria o galardoado de possuir uma cabeça no tamanho compatível com as coroas recebidas?

A coroa dada no Tribunal de Cristo simboliza a nossa posição no Reino de Deus. O termo “coroa” alude, figuradamente, a posição, domínio, poder. Na parábola das minas, um senhor — que representa o nosso Senhor Jesus — disse aos seus servos fiéis: “Bem está, servo bom, porque no mínimo foste fiel, sobre dez cidades terás autoridade” (Lc 19.17). O Senhor também prometeu: “Ao vencedor, que guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei autoridade sobre as nações, e com cetro de ferro as regerá e as reduzirá a pedaços como se fossem objetos de barro” (Ap 2.26,27, ARA).

6. A base para o julgamento, no Tribunal de Cristo, serão as obras, e não os títulos. A passagem de 1 Coríntios 3.10-15 mostra que as obras aprovadas por Deus são as realizadas em Cristo, o fundamento da Igreja. Os elementos ouro, prata e pedras preciosas representam, figuradamente, o trabalho feito com humildade e temor, para a glória do Senhor (1 Co 10.31). Já os materiais madeira, feno e palha — facilmente consumíveis pelo fogo — aludem às obras feitas por vaidade e orgulho, para receber glória dos homens (Mt 6.2,5). Somente serão galardoados os servos cujas obras resistirem ao fogo da presença do Senhor (Hb 12.29). Sofrer detrimento pelo fogo (1 Co 3.15) denota perda de galardão, em contraste com o que está escrito no versículo 14: “receberá galardão”. São os materiais que se queimam, isto é, as obras. Não há nessa passagem qualquer margem para o falso ensinamento do purgatório, visto que, após a morte, segue-se o juízo (Hb 9.27).

7. No Tribunal de Cristo seremos julgados como servos, e não como filhos. Para o filho de Deus não há adjetivos negativos no Novo Testamento. Quanto ao servo do Senhor, vemos na parábola dos talentos — narrada por Jesus em Mateus 25.14-30 — que ele pode ser útil ou inútil, previdente ou negligente, bom ou mau e fiel ou infiel. Mencionam-se nas páginas neotestamentárias dons, ministérios e operações que o Senhor concede à sua Igreja (Rm 12.6-8; 1 Co 12.4-6; Ef 4.11). Cada salvo, além de chamado para proclamar as virtudes do Senhor (1 Pe 2.9; Mc 16.15), recebeu pelo menos uma incumbência específica no Corpo de Cristo (1 Co 3.6-9). Todos os servos do Senhor, de todas as épocas, hão de prestar contas de sua administração.

Ao sermos salvos, recebemos Jesus como Senhor e Salvador (Fp 3.20; 2 Pe 3.18). Relacionamo-nos com o Salvador como filhos (Jo 1.11,12). Mas, como Ele é Senhor, nosso comportamento perante Ele deve ser, também, de servos fiéis até o fim (Ap 2.10; 3.11), para que tenhamos confiança no Dia do Juízo (1 Jo 4.17) e recebamos a coroa incorruptível (1 Co 9.25). Jesus não galardoará apóstolos, bispos, missionários, reverendos, escritores, teólogos, conferencistas internacionais, cantores... O prêmio da soberana vocação (Fp 3.14) será dado aos “servos bons e fiéis” (Mt 25.21,23)!

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