sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

História da Igreja Parte 04.

A IGREJA REFORMADA

DE CONSTANTINOPLA, 1453 ATÉ AO FIM DA GUERRA DOS TRINTA ANOS, 1648
Século XV - Cronologia
1453 - Tomada de Constantinopla pelos turcos põe fim ao Império Bizantino
1467 - A Igreja da Boêmia separa-se da Igreja Romana
1471 - O papa Paulo II tem uma controversa morte após ingerir dois melões
1483 - O monge dominicano Tomás de Torquemada, o maior inquisidor da história, é nomeado Grande Inquisidor de Castela
1487 - Dois monges dominicanos alemães lançam um manual para inquisidores
1492 - A Inquisição e a monarquia católica expulsam os judeus da Espanha
1496 - A Igreja Católica expulsa de Portugal todos os judeus
1498 - O frade dominicano Jerônimo de Savonarola é decapitado pela Inquisição em Florença (Itália)
1499 - O inquisidor católico Diego Lucero queima 107 judeus em um único dia
1500 - 1ª missa celebrada no Brasil
Século XVI - Cronologia
1501 - O papa Alexandre VI promove grande orgia de sexo no Vaticano
1503 - Alexandre VI é morto após ingerir arsênico destinado à outra pessoa
1504 - Bartolomeu de Las Casas inicia missão católica no México
1506 - Inquisição Católica mata 3.000 judeus em Portugal
1512 - V Concílio de Latrão
1513 - Leão X assume papado aos 13 anos de idade
1513 - É fundada a 1ª diocese na América, em Dárien, Panamá
1516 - Início da Inquisição Católica em Cuba
1516 - Carlos I (Espanha) é coroado imperador do Sacro Império pelo papa Leão X, vencendo na disputa Francisco I (França)
1517 - Na Alemanha, Igreja Católica vende Indulgências para a construção da Basílica de São Pedro
1517 - Lutero lança suas 95 teses contra a Igreja Católica
1521 - O papa Leão X excomunga Lutero do catolicismo romano
1522 - Lutero traduz e publica o 1º Novo Testamento da Bíblia em alemão
1522 - Adriano VI (espanhol) assume papado e torna-se o último papa não italiano até João Paulo II (1978)
1523-25 - Rebelião anabatista (protestante) de Münzer contra a aristocracia alemã, apoiada por Lutero
1525 - O Antigo Testamento é dividido em versículos
1526 - Igreja Católica persegue judeus na Hungria
1527 - Soldados protestantes atacam Roma: 40.000 pessoas morrem na batalha
1528 - Na Escócia, líder protestante Hamilton é queimado pela Inquisição
1529 - A Dieta de Spira exige a tolerância aos católicos nos Estados luteranos, mas proíbe o culto luterano nos Estados católicos
1529 - Príncipes alemães protestam contra medidas católicas que proíbem que cada Estado tenham sua própria religião
1530 - Na Confissão de Augsburgo, Lutero lança os princípios básicos de sua doutrina
1530 - A Reforma Luterana chega na Dinamarca
1531 - Henrique VIII da Inglaterra é reconhecido como chefe supremo da igreja inglesa. Nasce o Anglicanismo
1531 - Guerra entre católicos e protestantes na Suíça. Zwínglio (líder protestante) morre na batalha de Kappel
1531 - O Tribunal do Santo Ofício (Inquisição) se estabelece em Portugal
1533 - Instituição do bispado de Goa (Índia)
1534 - Calvino, fugindo da Inquisição, vai da França para a Suíça
1534 - Inácio de Loyola cria a Companhia de Jesus (Ordem dos Jesuítas)
1534 - Henrique VIII decapita os católicos Thomas More e John Fisher
1536 - Oficialmente tem início a Inquisição Católica em Portugal
1536 - Calvino publica sua principal obra onde defende a teoria da predestinação
1536 - A Reforma protestante chega à Noruega
1540 - O papa Paulo II reconhece a criação da Ordem dos Jesuítas
1541 - Calvino funda a Igreja Calvinista (futura Igreja Presbiteriana)
1541 - O missionário católico Francisco Xavier vai para a Índia
1541-60 - Calvino torna-se governante absoluto em Genebra, na Suíça, onde inicia perseguição
1543 - Parlamento escocês autoriza a leitura e a tradução da Bíblia
1543 - Lutero publica a Bíblia completa em alemão
1545-63 - Concílio de Trento, a importância da tradição é equiparada com a Bíblia.
1546 - Na Escócia, Inquisição queima Wishart. Protestantes vingam-se matando cardeal católico
1547-53 - Missas são proibidas em território inglês
1549 - O missionário católico Francisco Xavier vai para o Japão
1550 - O papa Júlio III manda decapitar Arasão, bispo da Islândia
1551 - Toda a Bíblia é dividida em versículos
1553 - A rainha Maria Tudor restaura o catolicismo como religião oficial da Inglaterra
1553 - O padre José de Anchieta chega ao Brasil
1553 - 3 bispos convocados pelo papa Júlio III, após investigação, concluem que o catolicismo está cheio de doutrinas anti-bíblicas
1555 - É impressa a 1ª Bíblia dividida em versículos
1555 - Paz de Augsburgo: nobreza luterana consegue que cada principado tenha a sua própria fé
1555 - Inquisição Católica na Inglaterra: martírio dos líderes protestantes Latimer e Ridley
1557 - 1° culto protestante celebrado no Brasil
1558 - Na Escócia, John Knox funda a Igreja Presbiteriana
1558 - É escrita a 1ª Confissão de Fé das Américas por 4 missionários protestantes franceses, martirizados no Rio de Janeiro
1562 - O Igreja Católica confirma o culto aos santos e declara que a missa é oferta propiciatória
1562 - Massacre de Orange: inúmeros protestantes torturados e mortos pela Inquisição
1562 - Lei concede liberdade religiosa aos hunguenotes da França, mas proíbe a construção de templos
1564 - A Igreja Católica publica o 1° Index (relação dos livros proibidos)
1570-71 - Esquadras calvinistas afundam navios que traziam missionários católicos ao Brasil
1572 - Noite de São Bartolomeu: de 20 mil a 70 mil protestantes são assassinatos em Paris pela Inquisição
1573 - A Igreja Católica altera a Bíblia original com a canonicidade de 7 livros apócrifos
1578 - O suposto "Santo Sudário" chega a catedral de São João Batista
1586 - O papa Sixto V coloca obelisco pagão egípcio que encontra-se em frente à Basílica de São Pedro
1590 - O papa Sixto V lança a "Vulgata Sixtina"
1591 - Início da Inquisição Católica no Brasil
1592 - O papa Clemente VIII fala que a Bíblia de Sixto V estava cheio de erros e lança a "Vulgata Clementina"
1592-95 - O papa Clemente VIII falsifica a história alterando o nome da papisa Joana para Zacarias
1593 - O Edito de Nantes concede liberdade de culto aos protestantes franceses
1596 - Missionários católicos são perseguidos no Japão
1600 - O cientista Giordano Bruno é queimado vivo em Roma pela Inquisição
Século XVII - Cronologia
1604 - Nasce na Inglaterra a Igreja Batista
1606 - O jesuíta Roberto de Nobili chega à Índia
1609 - Inquisição Católica expulsa da Espanha os mouros
1611 - A "Versão King James" da Bíblia em inglês é lançada
1615 - O papa Paulo V permite aos missionários na China usarem a língua chinesa na celebração da missa
1615 - Monges franciscanos vão para o Canadá
1618-48 - Reis católicos de Habsbourg perseguem súditos protestantes. Perseguição gera violenta guerra de 30 anos
1620 - As missões protestantes chegam às 13 colônias (Estados Unidos)
1632 - Galileu é condenado pela Inquisição Católica
1642-48 - Guerra civil na Inglaterra: nobreza católica e anglicana vs. camponeses presbiterianos e puritanos
* A Reforma na Alemanha.
Neste periodo de duzentos anos, o grande acontecimento foi a Reforma; iniciada na Alemanha, e teve como resultado o estabelecimento de igrejas nacionais que não prestavam obediência nem fidelidade a Roma. Anotemos algumas das forças que conduziram à Reforma e ajudaram o seu progresso. Uma dessas forças foi, o movimento conhecido como Renascença, ou despertar da Europa para um novo interesse pela literatura, pelas artes e pela ciência, isto é, a transformação dos médodos e propósitos medievais em métodos modernos.
A maioria dos estudiosos italianos desse período eram homem destituídos de vida religiosa; até os próprios papas dessa época destacavam-se mais por sua cultura do que pela fé. No norte dos Alpes, na Alemanha, na Inglaterra, e na França o movimento possuía sentimento religioso, despertando novo interesse pelas Escrituras, pelas línguas grega e hebraica, levando o povo a investigar os verdadeiros fundamentos da fé, independente dos dogmas de Roma. Por toda parte, de norte a sul, a Renascença solapava a igreja católica romana.
A invenção da imprensa veio a ser um arauto e aliado da Reforma que se aproximava. A imprensa possibilitou o uso comum das Escrituras, e incentivou a tradução e a circulação da Bíblia em todos os idiomas da Europa. As pessoas que liam a Bíblia, prontamente se convenciam de que a igreja papal estava muito distanciada do ideal do Novo Testamento. Os novos ensinos dos Reformadores, logo que eram escritos, também eram logo publicados em livros e folhetos, e circulavam aos milhões em toda a Europa.
O patriotismo dos povos começou a manifestar-se, mostrando-se inconformados com a autoridade estrangeira sobre suas próprias igrejas nacionais; resistindo à nomeação de bispos, abades e dignitários da igreja feitas por um papa que vivia em um pais distante.
Não se conformava, o povo, com a contribuição do "óbolo de S. Pedro", para sustentar o papa e para a construção de majestosos templos em Roma. Havia uma determinação de reduzir o poder dos concílios eclesiásticos, colocando o clero sob o poder das mesmas leis e tribunais que serviam para os leigos.
Enquanto o espírito de reforma e de independência despertava a Europa, a chama desse movimento começou a arder primeiramente na Alemanha, no eleitorado da Saxônia, sob a direção de Martinho Lutero, monge e professor da Universidade de Wittenberg.
O papa reinante, Leão X, em razão da necessidade de avultadas somas para terminar as obras do templo de S. Pedro em Roma, permitiu que um seu enviado, João Tetzel, percorresse a Alemanha vendendo bulas, assinadas pelo papa, as quais, dizia, possuíam a virtude de conceder perdão de todos os pecados, não só aos possuidores da bula, mas também aos amigos, mortos ou vivos, em cujo nome fossem as bulas compradas, sem necessidade de confissão, nem absolvição pelo sacerdote. Tetzel fazia esta indagação ao povo: "Tão depressa o vosso dinheiro caia no cofre, a alma de vossos amigos subirá do purgatório ao céu." Lutero, por sua vez, começou a pregar contra Tetzel e sua campanha de venda de indulgências, denunciando como falso esse ensino.
A data exata fixada pelos historiadores como início da grande Reforma foi registrada como 31 de outubro de 1517. Na manhã desse dia, Martinho Lutero afixou na porta da Catedral de Wittenberg um pergaminho que continha noventa e cinco teses ou declarações, quase todas relacionadas com a venda de indulgências; porém em sua aplicação atacava a autoridade do papa e do sacerdócio. Os dirigentes da igreja procuravam em vão restringir e lisonjear Martinho Lutero. Ele, porém, permaneceu firme, e os ataques que lhe dirigiam, apenas serviram para tornar mais resoluta sua oposição às doutrinas não apoiadas nas Escrituras Sagradas.
Após longas e prolongadas controvérsias e a publicação de folhetos que tornaram conhecidas as opiniões de Lutero em toda a Alemanha, seus ensinos foram formalmente condenados. Lutero foi excomungado por uma bula do papa Leão X, no mês de junho de 1520. Pediram então ao eleitor Frederico da Saxônia que entregasse preso Lutero, a fim de ser julgado e castigado. Entretanto, em vez de entregar Lutero, Frederico deu-lhe ampla proteção, pois simpatizava com suas idéias. Martinho Lutero recebeu a excomunhão como um desafio, classificando-a de "bula execrável do anticristo". No dia 10 de dezembro, Lutero queimou a bula, em reunião pública, à porta de Wittemberg, diante de uma assembléia de professores, estudantes e do povo. Juntamente com a bula, Lutero queimou também cópias dos cânones ou leis estabelecidas por autoridades romanas. Esse ato constituiu a renúncia definitiva de Lutero à igreja católica romana.
Em 1521 Lutero foi citado a comparecer ante a do Concílio Supremo do Reno. O novo imperador Carlos V concedeu um salvo-conduto a Lutero, para comparecer a Worms. Apesar de advertido por seus amigos de que poderia ter a mesma sorte de João Huss, que nas mesmas circunstâncias, no Concílio de Constança, em 1415, apesar de possuir um salvo-conduto, foi morto por seus inimigos, Lutero respondeu-lhes: "Irei a Worms ainda que me cerquem tantos demônios quantas são as telhas dos telhados." Finalmente, no dia 17 de abril de 1521 Lutero compareceu ao Concílio. Em resposta a um pedido de que se retratasse, e renegasse o que havia escrito, após algumas considerações respondeu que não podia retratar-se, a não ser que fosse desaprovado pelas Escrituras e pela razão, e terminou com estas palavras: "Aqui estou. Não posso fazer outra coisa. Que Deus me ajude. Amém." Instaram com o imperador Carlos para que prendesse Lutero, apresentando como razão, que a fé não podia ser confiada a hereges. Contudo, Lutero pôde deixar Worms em paz.
Enquanto viajava de regresso à sua cidade, Lutero foi cercado e levado por soldados do eleitor Frederico para o castelo de Wartzburg. Ali permaneceu durante um ano, enquanto as tempestades de guerra e revoltas rugiam no império. Entretanto, durante esse tempo, Lutero não permaneceu ocioso; nesse período traduziu o Novo Testamento para a lingua alemã, obra que por si só o teria imortalizado, pois essa versão é considerada como o fundamento do idioma alemão escrito. Isto aconteceu no ano de 1521. O Antigo Testamento só foi completado alguns anos mais tarde. Ao regressar do castelo de Wartzburg a Wittenberg, Lutero reassumiu a direção do movimento a favor da igreja Reformada, exatamente a tempo de salvá-la de excessos extravagantes.
Em 1529 a Dieta reuniu-se na cidade de Espira, com o objetivo de reconciliar as partes em luta. Nessa reunião da Dieta os governadores católicos, que tinham maioria, condenaram as doutrinas de Lutero. Os príncipes resolveram proibir qualquer ensino do luteranismo nos estados em que dominassem os católicos. Ao mesmo tempo determinaram que nos estados em que governassem luteranos, os católicos poderiam exercer livremente sua religião. Os príncipes luteranos protestaram contra essa lei desequilibrada e odiosa. Desde esse tempo ficaram conhecidos como protestantes, e as doutrinas que defendiam também ficaram conhecidas como religião protestante.
* A Contra-Reforma
Logo após haver-se iniciado o movimento da Reforma, um poderoso esforço foi também iniciado pela igreja católica romana no sentido de recuperar o terreno perdido, para destruir a fé protestante e para enviar missões a países estrangeiros. Esse movimento foi chamado Contra-Reforma.
Tentou-se fazer a reforma dentro da própria igreja por via do Concílio de Trento, convocado no ano de 1545 pelo papa Paulo III, principalmente com o objetivo de investigar os motivos e pôr fim aos abusos que deram causa à Reforma. O Concílio era composto de todos os bispos e abades da igreja, e durou quase vinte anos, durante os governos de quatro papas, de 1545 a 1563. Todos esperavam que a separação entre católicos e protestantes teria fim, e que a igreja ficaria outra vez unida. Contudo, tal coisa não sucedeu. Fizeram-se, porém, muitas reformas na igreja católica e as doutrinas foram definitivamente estabelecidas. Os próprios protestantes admitem que depois do Concílio de Trento os papas se conduziram com mais acerto do que os que governaram antes do Concílio. O resultado dessa reunião pode ser considerado como uma reforma conservadora dentro da igreja católica romana.
De ainda maior influência na Contra-Reforma foi a Ordem dos Jesuítas, fundada em 1534 pelo espanhol Inácio de Loyola. Era uma ordem monástica caracterizada pela combinação da mais severa disciplina, intensa lealdade à igreja e à Ordem, profunda devoção religiosa, e um marcado esforço para arrebanhar prosélitos. Seu principal objetivo era combater o movimento protestante, tanto com métodos conhecidos como com formas secretas. Tornou-se tão poderosa a Ordem dos Jesuítas, que teve contra ela a oposição mais severa, até mesmo nos países católicos; foi suprimida em quase todos os países da Europa, e por decreto do papa Clemente XIV, no ano de 1773, a Ordem dos Jesuítas foi proibida de funcionar dentro da igreja. Apesar desse fato, ela continuou a funcionar, secretamente durante algum tempo, mais tarde abertamente, e foi reconhecida pelo papa em 1814. Hoje é uma das forças mais ativas para divulgar e fortalecer a igreja católica romana em todo o mundo.
A perseguição ativa foi outra arma poderosa usada para impedir o crescente espírito da Reforma. É Certo que os protestantes também perseguiram, e até mataram, porém geralmente isso aconteceu por sentimentos políticos e não religiosos. Entretanto, no continente europeu, todos os governos católicos preocupavam-se em extirpar a fé protestante, usando para isso a espada. Na Espanha estabelceu-se a Inquisição, por meio da qual inumerável multidão sofreu torturas e muitas pessoas foram queimadas vivas. Nos Países-Baixos o governo espanhol determinou matar todos aqueles que fossem suspeitos de heresias. Na França o espírito de perseguição alcançou o clímax, na matança da noite de São Bartolomeu, 24 de agosto de 1572, e que se prolongou por várias semanas. Segundo o cálculo de alguns historiadores, morreram de vinte a setenta mil pessoas. Essas perseguições nos países em que o governo não era protestante não só retardavam a marcha da Reforma, mas, em alguns países, principalmente na Boêmia e na Espanha, a extinguiram.
Os esforços missionários da igreja católica romana devem ser recõnhecidos, também, como uma das forças da Contra-Reforma. Esses esforços eram dirigidos em sua maioria pelos jesuítas, e tiveram como resultado a conversão das raças nativas da América do Sul, do México e de grande parte do Canadá. Na India e países circunvizinhos estabeleceram-se missões por intermédio de Francisco Xavier, um dos fundadores da sociedade dos jesuítas. As missões católicas, nos países pagãos, iniciaram-se séculos antes das missões protestantes e conquistaram grande número de membros e bem assim poder para a respectiva igreja.
Como resultado inevitável de interesses e propósitos contrários dos estados da Reforma e católicos na Alemanha, iniciou-se então uma guerra no ano de 1618, isto é, um século depois da Reforma. Essa guerra envolveu quase todas as nações européias. Na história ela é conhecida como a Guerra dos Trinta Anos. As rivalidades políticas e religiosas estavam ligadas a essa guerra. Ás vezes estados que professavam a mesma fé, apoiavam partidos contrários. A luta estendeu-se durante quase. uma geração, e toda a Alemanha sofreu ou seus efeitos terríveis.
Finalmente, em 1648, a guerra terminou, com a assinatura do tratado de paz de Westfália, que fixou os limites dos estados católicos e protestantes, que duram até hoje. O periodo da Reforma pode ser considerado terminado nesse ponto.

Também chamada de Santo Ofício, INQUISIÇÃO era a designação dada a um tribunal eclesiástico, vigente na Idade Média e começos dos tempos modernos. Esse Tribunal, instituído pela Igreja Católica Romana, tinha por meta prioritária julgar e condenar os hereges. A palavra "herege" significa aquele que escolhe, que professa doutrina contrária ao que foi definido pela Igreja como sendo matéria de fé. Então, todos os que se rebelavam contra a autoridade papal ou faziam qualquer espécie de crítica à Igreja de Roma eram considerados hereges.

* O Massacre De São Bartolomeu
O massacre de São Bartolomeu ou a Noite de São Bartolomeu ficou conhecido como "a mais horrível entre as ações diabólicas de todos os séculos". Com a concordância do Papa Gregório XIII, o rei da França, Carlos IX, eliminou em poucos dias milhares de huguenotes. A matança iniciou-se na noite de 24.08.1572, em Paris, e se estendeu a todas as cidades onde se encontravam protestantes. Segundo Ellen G. Write, em seu Livro "O GRANDE CONFLITO", foram martirizados cerca de setenta mil nesse massacre. "Quando a notícia do massacre chegou a Roma, a alegria do clero não teve limites. O cardeal de Lorena recompensou o mensageiro com mil coroas; o canhão de Santo Ângelo reboou em alegre salva; os sinos dobraram em todos os campanários; e o Papa Gregório XIII, acompanhado dos cardeais e outros dignitários eclesiásticos, foi, em longa procissão, à igreja de S.Luís, onde o cardeal de Lorena cantou o Te Deum. Um sacerdote falou "daquele dia tão cheio de felicidade e regozijo, em que o santíssimo padre recebeu a notícia e foi em aparato solene dar graças a Deus e a S.Luís".
* O Massacre Dos Albigenses
Albigenses eram os nascidos na cidade de Albi, sul da França. Em 1198, por iniciativa do Papa Inocêncio III, foram instituídos "Os Inquisidores da Fé contra os Albigenses". Esses franceses foram considerados "hereges" porque seus ensinos doutrinários não se alinhavam com os da Igreja de Roma. O extermínio começou no ano de 1209 e se estendeu por 20 anos, quando milhares de albigenses pereceram. Fala-se em mais de 20.000 mortos, entre homens, mulheres e crianças.
* O Massacre Da Espanha
Tomás de Torquemada (1420-1498), espanhol, padre dominicano, nomeado para cargo de grande-inquisidor pelo Papa Sisto IV, dirigiu as operações do Tribunal do Santo Ofício durante 14 anos. "Celebrizou-se por seu fanatismo religioso e crueldade". De mãos dadas com os reis católicos, promoveu a expulsão dos judeus da Espanha por édito real de 31.03.1492, tendo estes o prazo reduzido de quatro meses para se retirarem do país sem levar dinheiro, ouro ou prata. É acusado de haver condenado à fogueira 10.220 pessoas, e cerca de 100.000 foram encarceradas, banidas ou perderam haveres e fazendas. Tudo em nome da fé católica e da honra de Jesus Cristo.
* O Massacre Dos Anabatistas
Grupo religioso iniciado na Inglaterra no século XVI, que defendia o batismo somente de pessoa adulta. Por autorização do Papa Pio V (1566-1572), cem mil foram exterminados.
* O Massacre Em Portugal
Diante dos insistentes pedidos de D. João III, o Papa Paulo III introduziu, por bula de 1536, o Tribunal do Santo Ofício em Portugal. As perseguições foram de tal ordem que o comércio e a indústria na Espanha e em Portugal ficaram praticamente paralisados. "As execuções públicas eram conhecidas como autos-de-fé. No começo, funcionaram tribunais da Inquisição nas diversas dioceses de Portugal, mas no século XVI ficaram apenas os de Lisboa, Coimbra e Évora. Depois, somente o da capital do reino, presidido pelo inquisidor-geral. Até 1732, em Portugal, o número de sentenciados atingiu 23.068, dos quais 1.554 condenados à morte. Na torre do Tombo, em Lisboa, estão registrados mais de 36.000 processos". Daí porque os 4.500 processos constantes dos arquivos de terror do Vaticano - Os Arquivos do Santo Ofício - recentemente liberados aos pesquisadores, não contam toda a história da desumana Inquisição.
* A Inquisição Em Cuba
Não havia parte nenhuma no mundo onde os protestantes ou hereges estivessem livres para o exercício de sua fé. Partindo da Europa, muitos procuraram refúgio nas Américas do Sul e Central, o "Novo Mundo". Mas para cá também vieram os inquisidores. A inquisição em Cuba iniciou-se em 1516 sob o comando de dom Juan de Quevedo, bispo de Cuba, que, com requintes de maldade, eliminou setenta e cinco "hereges".
* A Inquisição No Brasil
A Inquisição se instalou no Brasil em três ocasiões: Em 09.06.1591, na Bahia, por três anos; em Pernambuco, de 1593 a 1595; e novamente na Bahia, em 1618. Há notícia de que no século XVIII Inquisição atuou no Brasil. Segundo o jornal "Mensageiro da Paz", número 1334, de maio/1998, "cento e trinta e nove" pessoas foram queimadas vivas, no Brasil, entre os anos de 1721 e 1777. Todos os que confessavam não crer nos dogmas católicos eram sentenciados. Praticamente a metade dos prisioneiros brasileiros cristãos-novos no século 18 era mulheres. Na Paraíba, Guiomar Nunes foi condenada à morte na fogueira em um processo julgado em Lisboa. A Inquisição interferiu profundamente na vida colonial brasileira durante mais de dois séculos. Um dos exemplos dessa interferência era a perseguição aos descendentes de judeus. Os que estavam nessa condição podiam ser punidos com a morte, confisco dos bens e na melhor das hipóteses ficavam impedidos de assumir cargos públicos".

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